Leitura obrigatória – UFSC 2020
Por que ler as obras:
1. Capitães da areia, de Jorge Amado Na década de 1930, uma série de escritores brasileiros, em especial no Nordeste
do país, resolve imprimir maior engajamento social à literatura ao enfocar
mazelas nacionais. Jorge Amado integra esse grupo ao lado de escritores como
Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Publicado em 1937,
Capitães da areia é uma narrativa sobre a vida de um grupo de meninos de rua
que vive ao redor de um trapiche e perambula pela Salvador das primeiras
décadas do século XX. O romance
problematiza a infância abandonada e o descaso de autoridades públicas e de uma
imprensa sensacionalista, que contribuem para a marginalização desses menores.
Figura entre as obras mais influentes de um dos escritores brasileiros mais
lidos no Brasil e no exterior. (Modernismo 2ª fase - Romance de 30 - Gênero Narrativo)
2. Cemitério dos vivos, de Lima Barreto Romance de fundo autobiográfico em que Lima Barreto relata sua
experiência após ser internado compulsoriamente no Hospital Nacional de
Alienados, em 1919, devido a problemas com o álcool. Texto inacabado, com
elementos da crônica e componentes ficcionais, Cemitério dos vivos é um dos
últimos projetos do autor. Por meio do protagonista Vicente Mascarenhas, o
livro critica severamente tanto o ambiente manicomial, especialmente no que se
refere ao uso de tratamentos agressivos como o choque elétrico, quanto o
preconceito e a exclusão social vivenciados pelos internos, o que torna a obra
um testemunho bastante atual. Romancista da Primeira República, torna-se
conhecido pela publicação de Triste fim de Policarpo Quaresma, mas somente nas
últimas décadas a crítica contemporânea vem reconhecendo sua originalidade em
utilizar o “escrever brasileiro”, antecipando elementos estéticos e temáticas
sociais de um modo absolutamente singular, conferindo-lhe papel da maior
importância entre os grandes escritores da literatura nacional. (Romance Autobiográfico - Pré-Modernismo - Gênero Narrativo)
3. Melhores contos de Lygia Fagundes Telles, de Lygia Fagundes Telles
Os contos que integram a obra foram
publicados entre a década de 60 e a de 80 do século XX e selecionados pelo
professor e filósofo Eduardo Cortella, o qual destaca a perícia da escritora em
“crescer por dentro”, ou seja, em criar uma estética própria, baseada na
contenção e na precisão vocabular. Lygia Fagundes Telles começa a publicar em
1938, figurando ao lado de escritores como Clarice Lispector, João Guimarães
Rosa, João Cabral de Melo Neto e Ariano Suassuna, e mantém-se ativa até hoje,
tendo se tornado em 2016 a primeira mulher brasileira a ser indicada ao Nobel
de Literatura. A autora explora sentimentos como o amor, o ciúme, o desamparo
do ser humano e a melancolia diante do envelhecimento e da morte, com uma
abordagem que favoreceu as adaptações para a televisão. Fugindo de lugares
comuns, como estereótipos femininos e clichês da autoajuda, a escritora se
pauta pela imaginação, pela intriga e pelo mistério. (Pós-Modernismo - Contos - Gênero Narrativo)
4. Os milagres do cão Jerônimo, de Péricles Prade O escritor
catarinense integra o pequeno grupo de literatura fantástica praticado no
cenário brasileiro, um espaço literário marcado por uma forte tradição
realista. Os milagres do cão Jerônimo é
uma coletânea de narrativas curtas entre as quais figuram traços do
insólito, do absurdo, do fantástico, do maravilhoso e mesmo do surrealismo.
Tendo publicado essa obra pela primeira vez em 1970, Prade é contemporâneo de
outros expoentes do conto que exploram o fantástico brasileiro, tais como J. J.
Veiga e Murilo Rubião.
5. Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus Publicado em 1960,
Quarto de despejo é um forte relato biográfico de uma mulher negra e pobre, que
sobrevive como catadora de lixo enquanto cria três filhos sozinha. Moradora da
Favela do Canindé, à beira do Tietê, os diários
relatam a luta pela subsistência na São Paulo de meados do século XX –
tematizando a fome, a segregação social, o racismo estrutural, os dramas da
convivência na favela e o oportunismo de políticos frente aos grupos marginalizados.
Embora os diários sejam seu trabalho mais conhecido por conta do teor
testemunhal, Carolina revelou-se uma escritora plural, autora de peças de
teatro, romances e poemas, cujo tratamento estético da linguagem supera a
leitura meramente antropológica, inserindo-a no cânone da literatura
afro-brasileira. (Pós-Modernismo - Diário - Gênero do Relato)
6. Um útero é do tamanho de um punho, de Angélica Freitas Publicada em
2012, a coletânea de poemas de
Angélica Freitas possui contornos feministas, pois seu lirismo contrapõe
questões de gênero fortemente delineadas por uma cultura patriarcal. Por meio
de seus poemas, estimula o leitor a repensar estereótipos de beleza,
comportamento e identidade naturalizados como regra em nossa sociedade. O livro
é articulado ao redor de um eixo temático – a mulher –, o que favorece a
construção de uma unidade de composição e o diálogo interno entre os textos.
Ironia, humor e sarcasmo são traços marcantes dessa obra contemporânea,
constituindo dispositivos de linguagem que estimulam uma reflexão sobre como as
mulheres se percebem e sobre como são culturalmente percebidas na atualidade. (Literatura contemporânea - Poemas- Gênero Lírico)
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